O custo padrão se refere à abordagem metodológica seguida nos modelos para a determinação do valor dos ativos usados pela prestadora modelada.
Principais alternativas metodológicas
Duas principais alternativas metodológicas podem ser traçadas na definição do custo padrão:
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Contabilidade de Custos Históricos (HCA). O preço de referência é determinado conforme o preço histórico nas escriturações contábeis para aquisição do ativo pelo prestador de serviços.
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Contabilidade de Custos Atuais (CCA). O preço de referência é determinado conforme o preço atual de mercado para o ativo, caso fosse adquirido no presente pelo prestador de serviços.
Referências regulamentares relevantes e abordagem adotada no modelo anterior
Nenhuma indicação foi identificada com relação ao custo padrão a ser adotado nos documentos regulamentares pertinentes. Por outro lado, o modelo de custos bottom-up anterior desenvolvido pela ANATEL estava seguindo o padrão de custos da CCA.
Prós e contras das alternativas
A exposição abaixo fornece uma visão geral dos prós e contras das principais alternativas metodológicas disponíveis:

Referência internacional
A exposição abaixo fornece uma visão geral das alternativas metodológicas adotadas nos países de referência:

Recomendação
Embora o padrão atual de contabilidade de custos tenha sido amplamente aceito pela maioria das ARNs no desenvolvimento de modelos bottom-up para redes móveis, houve várias discussões entre os reguladores sobre a adequação da avaliação da infraestrutura civil das prestadoras fixas (por exemplo, rede de acesso de cobre, obras civis e dutos) de acordo com a Current Cost Accounting, já que pode levar a uma superestimação dos custos dos serviços de acesso.
Por exemplo, em sua Declaração de Cobre de 2005, a Ofcom (ARN no Reino Unido) concluiu, referindo-se aos ativos de infraestrutura civil, que "O valor do RAV (Regulatory Asset Value) é fixado para igualar o valor final do HCA para os ativos anteriores a 1 de agosto de 1997 para o exercício financeiro de 2004/5", enquanto que aprovou o "uso da contabilização do custo atual como no momento para os ativos implantados a partir de 1 de agosto de 1997".
A esse respeito, é importante destacar que no momento atual, quando as prestadoras implantam suas redes de acesso da próxima geração (NGA), para a acomodação dos novos cabos implantados, elas tendem a reutilizar o máximo possível o espaço disponível nos ativos de infraestrutura civil legados. Dada a alta relevância que esses ativos geralmente apresentam na base de custos de uma prestadora, esse procedimento permite otimizar os custos de implantação das redes NGA.
O alto grau de depreciação acumulada que esses ativos geralmente apresentam nas redes dos provedores de acesso (eles foram geralmente implantados há vários anos, sendo em sua maioria, totalmente depreciados, sendo em sua maioria depreciados), juntamente com as reduzidas possibilidades que as prestadoras alternativas ou novas prestadoras podem ter de implantar uma infraestrutura civil em paralelo com a já existente, são aspectos que devem ser considerados ao definir os preços no atacado que garantem um nível adequado de concorrência no mercado.
Nessa linha, a Recomendação 2013/466/EU da Comissão Européia estabelece diretrizes para evitar a recuperação excessiva dos custos relacionados com a engenharia civil. Particularmente, com base em diretrizes e recomendações da Comissão Européia, torna-se evidente que os custos atuais devem ser usados para refletir o valor regulado da maioria dos ativos, a fim de enviar sinais eficientes de entrada no mercado para decisões de construção ou compra. No entanto, a Recomendação da CE de 2013 prevê espaço para ajustes para contabilizar a depreciação acumulada dos ativos antigos de engenharia civil. Isso deriva do entendimento da CE de que, ao contrário do equipamento ativo e do meio de transmissão (por exemplo, fibra), é pouco provável que os ativos de infraestrutura civil sejam duplicados e, portanto, uma decisão de compra em vez de uma decisão de construção deve ser promovida nesses casos.
Dadas as complexidades técnicas resultantes de considerações delineadas anteriormente, qualquer implementação incluída em um modelo ascendente a esse respeito requer uma avaliação cuidadosa, especialmente em países onde coexistem múltiplas redes de acesso (por exemplo, cobre e fibra), como o Brasil. Dependendo da arquitetura e da topologia da rede, aplicam-se circunstâncias diferentes que precisam ser avaliadas por conta própria. Em particular, a principal consideração metodológica a ser levada em conta é que os resultados do modelo devem fornecer informações apropriadas de construção ou compra para serem sinalizados ao mercado apropriados de construção ou aquisição para o mercado.
A avaliação da ANATEL sobre a situação aplicável a cada rede de acesso é apresentada nos parágrafos abaixo.
Cobre
No ambiente atual, as redes de acesso de cobre estão se tornando cada vez mais obsoletas por não serem capazes de fornecer as velocidades crescentes de banda larga exigidas pelos assinantes. Como resultado, nenhuma prestadora de telefonia fixa pensaria na possibilidade de se engajar na implantação de uma rede de acesso baseada em cobre.
Considerando essa situação, seria inadequado que as ARNs visassem fomentar a concorrência baseada em infraestrutura (ou seja, construir decisões) em tais redes. Em vez disso, a concorrência baseada em serviços (ou seja, decisões de compra) deveria ser promovida.
Além disso, as redes de cobre estão presentes há muitos anos e, portanto, pode-se esperar que uma parte relevante de seus custos já tenham sido recuperados pelas prestadoras PMS. Nesse contexto, uma abordagem CCA provavelmente levaria a uma recuperação excessiva dos custos pelas prestadoras PMS.
Com base nas considerações anteriores, a ANATEL conclui que os ativos de cabos de cobre e sua infraestrutura civil relacionada devem ser avaliados a Custos Históricos (HCA).
Em resumo:
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O cabo de cobre e os bens de infraestrutura civil relacionados serão avaliados a Custos Históricos (HCA).
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Os elementos ativos da rede devem ser valorizados seguindo uma abordagem Contabilidade de Custos Atuais-CCA.
Fibra
As redes de Fiber-to-the-home (FTTH) devem ser consideradas como redes NGA desde o início. Consequentemente, as particularidades especificadas nos parágrafos anteriores com relação a sinais de construção ou compra não se aplicam a esses ativos.
Resumo das abordagens de avaliação dos ativos
O quadro a seguir apresenta um resumo das abordagens de avaliação de ativos que devem ser seguidas para cada um dos elementos da rede considerados nas diferentes redes de acesso.

Recomendação 1: Deve ser adotada uma abordagem de Contabilidade de Custos Atuais (CCA) para estabelecer os custos unitários dos ativos nos modelos de custos bottom-up. Entretanto, no modelo para redes fixas, os cabos de cobre e os ativos de infraestrutura civil relacionados serão avaliados pelos custos históricos (abordagem HCA).
Pergunta 1: A prestadora concorda com os padrões de custo a serem considerados para determinar a base de custo do modelo?
Caso não concorde, por favor justifique sua posição e forneça informações de apoio e referências.
3.1.2. Metodologia de alocação de custos
A seleção da metodologia de alocação de custos é uma questão chave no cálculo dos custos dos serviços e determina a abordagem a ser seguida para a atribuição dos custos dos elementos da rede aos serviços.
Principais alternativas metodológicas
Existem três metodologias principais amplamente adotadas no setor:
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Custos Incrementais de Longo Prazo Puros (LRIC Puro). Os custos incrementais representam aqueles custos econômicos prospectivos que a prestadora incorreria para fornecer uma quantidade adicional de certos serviços ou grupo de serviços. Alternativamente, em modelos bottom-up, os custos incrementais são tipicamente calculados como aqueles custos que seriam economizados se certos serviços ou grupo de serviços (definidos por meio de incrementos) não fossem mais prestados, como apresentado na figura a seguir:

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Custos incrementais de longo prazo mais custos comuns (LRIC+). Custos compartilhados e comuns referem-se àqueles custos compartilhados entre dois ou mais grupos de serviços (como já indicado acima, definidos por meio de incrementos). Isso implica que a redução do volume de um único incremento pode não reduzir os custos compartilhados e comuns, mas a redução da produção de todos os serviços os reduzirá. A particularidade do padrão LRIC+ é que, ao contrário da abordagem LRIC Puro, ele aloca esses custos comuns e compartilhados aos serviços, permitindo a recuperação daqueles custos que não são incrementais a um determinado serviço. A figura a seguir mostra as diferenças entre os dois padrões:
